A Covid-19 é transmissível principalmente por meio de gotículas de saliva, depois de tosse ou espirro e também com o contato com superfícies ou pessoas contaminadas (apertos de mãos, toques, etc.), seguindo de contato com a boca, nariz ou olhos.

O VÍRUS EM SUPERFÍCIES

  • É improvável que alguém possa infectar-se ao manusear, por exemplo, um livro de biblioteca[1]. No entanto, como essas gotículas e, portanto, o vírus, se deposita em superfícies, espera-se que as dos itens em acervos podem ser depósito do vírus, e por isso, transmissores. Dessa maneira, é cauteloso proceder como se confirmadamente tais itens fossem transmissores.
  • Estudos realizados até o momento mostram que o vírus da COVID-19 pode ficar em superfícies por vários dias. Para metal, vidro e plástico, estima-se até 9 dias; para papel estima-se de 4 a 5 dias; e para madeira até 4 dias. Foi verificado que, no geral, o vírus permanece em superfícies de 4 a 9 dias.
  • Dessa maneira, é aconselhado o isolamento de instituições detentoras de acervos – como bibliotecas, museus e também arquivos. Ou seja, a orientação é que elas permaneçam fechadas durante a pandemia e pelo menos até a eliminação do risco para o público, quando será possível, novamente, o mínimo de aglomeração.

LIMPEZA?

  • Todos os especialistas e conservadores ouvidos nos artigos consultados são absolutamente contra a limpeza do acervo utilizando produtos como desinfetantes, cloros e álcool, seja em aerossol ou líquidos.
  • O motivo da não recomendação de limpeza é simples: tais produtos têm grande potencial para danificar livros e outras peças de valor, por vezes de maneira irreversível. Podem causar oxidação, dissolução de tintas, de anotações, desbotamento da cor, etc. É preferível isolar o acervo/a coleção/os itens por um período de tempo em que o vírus não sobreviva mais.
  • Utilizar raios UV também não é recomendado: podem causar forte oxidação e, no geral, não é possível o alcance em todos os “cantos” do item.
  • Objetos históricos, móveis e outras artes decorativas têm a mesma recomendação: sem limpeza agressiva e produtos químicos fortes sem saber quais serão as consequências a longo prazo e sem consultar um conservador-restaurador.
  • Para livros que possam ter estado em contato com o vírus, o desinfetante mais eficiente seria justamente não fazer nada – esperar e manter os livros em quarentena por pelo menos 14 dias. Evita-se duas coisas: a transmissão, e danificá-los com a aplicação de materiais de limpeza.
  • O recomendado é a limpeza apenas de áreas comuns e locais que muitos tocam, como maçanetas, mesas, cadeiras, bancadas, etc.
  • Na limpeza de superfícies e locais de uso comum recomenda-se o uso de luvas e, se possível, óculos de proteção. Devido à escassez desses EPIs no momento e à prioridade dos profissionais da saúde, caso a instituição esteja fechada, a limpeza deve ser feita quando for possível funcionar novamente.

MELHOR RECOMENDAÇÃO: ISOLAMENTO

  • O isolamento é a medida recomendada tanto durante quanto após a pandemia, no caso de devoluções de livros e outros, por exemplo. Durante, preserva-se a saúde dos trabalhadores e também do acervo; após, colocando livros devolvidos em quarentena, evita-se contágios desnecessários.
  • Falando do pós-pandemia, recomenda-se uma quarentena para todos os itens devolvidos às bibliotecas. Para manuseá-los para dentro e fora dessa quarentena, recomenda-se o uso de luvas que devem ser descartadas imediatamente após o manuseio, para que nada mais seja tocado. Após isso, lavar as mãos da maneira e pela quantidade de tempo recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
  • Isolamento a nível de objeto, de item pode ser feito colocando-os em bolsas plásticas com zíper, tomando o cuidado de colocar uma etiqueta com a informação do objeto, a data de colocação na bolsa, e o motivo.
  • Caso um espaço para quarentena não seja possível, os itens podem ser colocados em bolsas/sacolas, que deverão ser lacradas por até 14 dias.
  • Os livros que tenham sido utilizados por pessoas doentes devem ser colocados em bolsas de plástico com fecho duplo. Uma vez com o livro dentro, é necessário limpar o exterior da bolsa com um produto de limpeza apropriado. Cuidado para que o produto não entre dentro da bolsa. Uma vez limpo, manter a bolsa em zona segura e isolada por 14 dias.
  • Atenção: Dependendo das próximas semanas, é recomendável checar se o acervo tem algum risco de vazamentos repentinos; infiltrações; roubos e/ou furtos e enchentes. Se possível, eleger uma pessoa para periodicamente ir checar o acervo.

SAIBA QUE…

  • No momento, o desinfetante, a limpeza mais barata, simples, segura e eficiente é o tempo.
  • Se for absolutamente necessário permanecer aberto, é prudente traçar um plano de funcionamento que não permita aglomerações e/ou muitos usuários ao mesmo tempo; que também não tenha muitos funcionários; uma equipe de limpeza deverá ser treinada para limpeza do espaço de forma a não danificar o acervo; livros e demais itens devolvidos deverão ser colocados em quarentena. O funcionamento terá de ser adaptado para o momento em questão.
  • Se existe o plano ou pensamento de limpar e/ou desinfetar coleções, durante ou após a pandemia, entenda e aceite que irão ocorrer danos e/ou perdas de material.
  • A Dr. Mary Striegel, do NCPTT, em vídeo sobre o assunto, caso fechar a instituição não seja uma opção, recomendou utilizar uma solução de sabão neutro e água com papel toalha para limpar superfícies e itens do acervo que possivelmente foram tocados pelo público. No entanto, é preciso cuidado com pinturas, detalhes pintados em tintas frágeis, finalizações sensíveis, e materiais que podem reagir à essa combinação.

[1] Como dito pela Dra. CaitlinPedati, diretora médica e epidemiologista do Departamento de Saúde Pública de Iowa, EUA.

*Baseado em artigos e postagens online do Coordinated Statewide Emergency Preparedness (EUA); American Libraries Magazine (EUA); Northeast Document Conservation Center (EUA); National Center for Preservation Technology and Training (EUA); State Library of Iowa (EUA), da Biblioteca Nacional da Espanha e da Secretaria de Saúde do Paraná (Brasil).

Compilado, traduzido e elaborado por Jullyana Araujo (PPACT/MAST).

Fonte: GIDJ/RJ

Publicado em: 23.04.2020